T E S S I T U R A B R A S I L
A D I V E R S I D A D E
D E UM
PAÍS D E MUITAS
H I S T Ó R I A S
HISTÓRIAS DE SANTA CATARINA
Tem uma lenda que muito se conta no Sul do Brasil, em Santa Catarina. A lenda do Boitatá. Quem trouxe esta história para o Brasil foram os africanos. Lá na África ela se chamava Biatatá. Depois, os índios também começaram a falar dela. E foram passando a história de uma para outra tribo diferente, e hoje ela é conhecida no Brasil inteiro.
Diz a lenda que há muito tempo atrás, uma noite se prorrogou tanto, mas tanto, que parecia que nunca mais haveria luz do dia. Era uma noite muito escura, sem estrelas, sem vento e sem barulho algum dos bichos da floresta...tudo estava num silêncio profundo.
Os homens passaram a viver somente dentro de casa e já estavam passando fome e frio. Não havia como cortar lenha para os braseiros que mantinham as pessoas aquecidas, nem como caçar naquela escuridão de dar dó. Era uma noite sem fim.
O tempo foi passando e a chuva começou e choveu muito. A chuva não parava de cair. Tudo inundou e muitos animais acabaram morrendo.
Mas uns dizem que uma grande cobra, que vivia no repouso, num imenso tronco, dentro de uma caverna muito escura despertou faminta. Dizem que a cobra monstra vivia naquele lugar desde o Dilúvio de Noé. Será que é? Ela saiu da toca e começou a comer os olhos dos animais mortos que brilhavam e boiavam nas águas.
Alguns dizem que eles brilhavam devido à luz do último dia em que os animais viram o sol. De tantos olhos brilhantes que a cobra comeu, ela ficou inteiramente brilhante, igual a um fogo transparente. A cobra se transformou num monstro fosforescente, o Boitatá.
Dizem que o Boitatá assusta as pessoas quando elas entram na mata à noite. Essa monstra cobra viveu muito tempo enterrada num buraco. E lá no buraco ela aprendeu a enxergar no escuro, por isso seus olhos cresceram tanto. Pareciam duas bolas de fogo! Ai que medo! Por causa disso, de dia o Boitatá fica cego. Agora, de noite ele sai e se alimenta de restos de animais mortos. Eita bicho estranho esse!Vez por outra o Boitatá também persegue umas pessoas, principalmente quem gosta de viajar de noite, sozinho pelo mato e pelas estradas.
Tem gente no Sul que conhece o Boitatá como Cumadre Fulozinha ou Batatão. Mas eu fico imaginando: quem será que deu esses nomes tão esquisitos para o cobrão?
Os índios a chamam de mbaê-tat, e tem certeza de que ela mora no fundo dos rios, bem misturadinha com a lama.
Uma vez uma amiga minha viu ela de noite e ficou sem enxergar uma semana inteira. Eita cobra monstra perigosa!
Até o Padre Anchieta falou dela, numa das Cartas que escrevia para a Corte portuguesa. Ele disse que os índios morriam de medo dela, pois pensavam que ela era uma assombração perigosa!
Mas tem muita gente que gosta dela e acha que, no fundo, ela é bem boazinha. Os índios acham que ela protege as tabas e ocas, as casas deles, de queimarem de noite. Não sei se isso é verdade, ou mentira, mas que dizem, dizem.
Outros dizem, também, que quem se depara com o Boitatá geralmente fica cego, pode morrer ou até ficar louco. Assim, se você der de cara com o Boitatá deve ficar bem parado, sem respirar e de olhos bem fechados.
Tudo passa e ela vai embora. Ainda bem!
A LENDA DO BOITATÁ




