T E S S I T U R A B R A S I L
A D I V E R S I D A D E
D E UM
PAÍS D E MUITAS
H I S T Ó R I A S





H I S T Ó R I A S I N D Í G E N A S
A H I S T Ó R I A DE K A M É E K A I R U
Mito de criação Kaingangue
Há muito tempo atrás houve uma grande inundação que foi afundando toda a terra habitada pelos nossos antepassados. Só o cume da serra Crinjijimbé emergia das águas. Os Kaingangues, Kairus e Kamés nadavam em direção a ela, levando na boca toras de lenha incendiadas. Os Kairus e Kamés cansados, afogaram-se. E suas almas foram morar no centro da serra...
...Depois que as águas secaram, os Kaingangues se estabeleceram nas imediações de Crinjijimbé. Os Kairus e Kamés, cujas almas tinham ido morar no centro da serra, começaram a abrir caminho pelo interior dela. E, depois de muito trabalho chegaram a sair por duas trilhas.
Kairu fez as cobras, Kamé, as onças. Este fez primeiro uma onça e a pintou, depois Kairu fez um veado. Kamé disse à onça: “Come o veado, mas não nos coma”. Depois ele fez uma anta, ordenando-lhe que comesse gente e bichos. A anta, porém, não compreendeu a ordem. Kamé repetiu-lhe ainda duas vezes em vão; depois lhe disse, zangado: “Vais comer folhas de urtiga, não prestas para nada! ”. Kairu fez as cobras e mandou que elas mordessem os homens e os animais.
Kairu estava fazendo um animal, mas faltava ainda a este os dentes, a língua e algumas unhas, quando estava amanhecendo. E, como de dia não tinha poder para fazê-lo, pôs-lhe às pressas uma varinha fina na boca e disse-lhe: “Você, como não tem dente, viva comendo formigas”. Eis o motivo porque o Tamanduá, ioty, é um animal inacabado e imperfeito.
Kamé e Kairu chegaram a um campo grande, reuniram-se aos Kaingangue e decidiram que os moços e as moças se casassem. Casaram-se primeiro os Kairus com as filhas dos Kamés, estes com as daqueles. E, como ainda sobravam homens, casaram-se com as filhas dos Kaingangue.
História com recortes dos escritos de Curt Nimuendaju, Herbert Baldus, Egon Schaden e Telêmaco Borba adaptada da




